Nossa capacidade de mudar.

Esse blog nasceu em parceria com uma amiga em 2016.

Escrever é uma ferramenta de terapia pra mim desde menina. Comecei escrevendo intuitivamente aquilo que parecia mal acomodado aqui dentro. Fui percebendo que o ato de escrever sobre qualquer tema que me afligia ajudava minha mente a acalmar. Reorganizava meu interno. E, algumas vezes, era o suficiente para clarear minhas ideias. Então, nunca parei de escrever. Blogs, posts no meu insta https://www.instagram.com/patricia.caldeira1965/ e no meu facebook https://www.facebook.com/profile.php?id=100086747231685

Minha última aventura da escrita foi a publicação de um livro de autoficção. Autoficção é um tipo de texto em que o autor coloca muito de si, de sua personalidade, eventos de sua vida real, e mescla tudo isso com ficção. Não pode ser considerado autobiográfico, tampouco uma mera invenção da cabeça do autor. É uma mistura de ambos e só quem escreveu sabe o que é real e o que foi imaginado. É uma maneira da gente se expor, ao mesmo tempo em que se protege.

De que esse blog surgiu, muita água rolou sob a ponte da minha vida. Águas agitadas. Águas raivosas. Por mais de uma vez, a violência desse rio quase arrancou e carregou a ponte. Em várias ocasiões, a ponte estava fraca, pendurada, quase cedendo.

Tudo o que a vida me obrigou a administrar me fez sofrer, mas também me fortaleceu, modificou minha visão das pessoas, dos revezes pelos quais passamos e, principalmente, me fez enxergar que EU NÃO TENHO CONTROLE. Por mais que eu tente, me esforce, me cerque de todas as prevenções, faça seguro do carro, seguro da casa, seguro saúde, seguro de vida, verifique portas e janelas antes de sair e antes de dormir, desligue o registro de passagem do botijão de gás, dirija com cuidado, converse com meus filhos (todos adultos) todo santo dia, reze, creia, procure ser uma pessoa boa e justa e correta… ainda assim, EU NÃO TENHO CONTROLE SOBRE O QUE ME ACONTECE.

A vida de todos traz eventos imprevistos. Os bons a gente agradece. Os ruins, a gente enfrenta do jeito que dá. O máximo que podemos fazer é sempre trabalhar a ponte. Reforçá-la, torná-la resistente e flexível como os bambús, que vergam com as ventanias mas não se partem.

E foi assim que cheguei a 2024. Do jeito que deu. Vergando sem quebrar, acredito eu.

E exatamente por tudo o que ocorreu nestes últimos 08 anos, sinto-me pronta para continuar tocando esse blog dedicado a mulheres de 50 anos, 55 anos, 62 anos, 68 anos… Porque enquanto estamos vivas, estamos no ‘nosso tempo’ com a vantagem de que o ‘nosso tempo’ é o ontem, o hoje e, se tudo correr bem, os muitos amanhãs.

Um abraço aos 7.000 visitantes/seguidores deste espaço.

E BORA SACUDIR ESSE MARASMO!

Patricia Caldeira de Almeida. escritora.patriciadealmeida@gmail.com

Facebook: Patricia de Almeida https://www.facebook.com/profile.php?id=100086747231685

Instagram: patricia.caldeira1965 https://www.instagram.com/patricia.caldeira1965/

Uma resenha delicada e intimista.

O Ano em que te Conheci – Cecilia Ahern.

Comprei esse livro para me dar uma nova chance nos assuntos românticos… algo que extirpei da minha vida há alguns anos. Cirurgicamente.

Passei tempos longe de qualquer indício amoroso: músicas, filmes, seriados, livros… Foi com um bisturi. Foi Certeiro. Radical.

Leia mais no novo blog da sensível e inspiradíssima CoraAmoedo:

https://coraamoedo.wixsite.com/my-site/post/o-ano-em-que-te-conheci

FELICIDADE: modos de usar. Direto da minha biblioteca pessoal. By Pati.

Deliciosa a leitura do novo livro de Mário Sérgio Cortella (filósofo e educador), Leandro Karnal (historiador) e Luiz Felipe Pondé (filósofo).

Em linguagem acessível, os três argumentam sobre a felicidade na vida de hoje; a obrigatória produção contínua; a necessidade de consumir; a perda de pessoas amadas; a percepção do que é a felicidade!

Necessário para todos que já passaram pelos percalços da vida e não desistiram.

Espero que apreciem!

Pati Caldeira de Almeida.

A Falta de Educação Vai Muito Além da Ausência de Boas Maneiras…by Pati

Comecei a ler o livro de P.M.Forni sem grandes expectativas. Eu sabia que não era um livro sobre boas maneiras…mas jamais imaginei que o assunto pudesse ser tão mais complexo do que simplesmente, “grosserias” do cotidiano…

O autor começa dividindo a falta de educação em duas categorias: a difusa e a intencional.

Passeando pela psicologia, manipulação e sentimento de superioridade que leva algumas pessoas a perpetuar comportamentos impróprios ao bom convívio social, Forni explora tambem a fisiologia de quem sofre como a falta de educação alheia, suas consequências no stress, na auto-estima…

Uma ótima ferramenta para analisarmos nossos relacionamentos, nosso ambiente de trabalho e…por que não? Nós mesmos!

Espero que esta dica de leitura seja tão útil a vocês como está sendo pra mim.

Beijos,

Pati Caldeira.

Desmitificando o feminismo…by Pati

Encontro muitas mulheres da minha geração evitando identificar-se com o feminismo como se este fosse um demérito, um xingamento. Acredito eu tratar-se não de preconceito, mas de falta de conhecimento histórico e de compreensão sobre a importância deste movimento para a vida que temos hoje.

Se votamos, se frequentamos universidades, se somos médicas, advogadas, juízes, delegadas, engenheiras, astronautas; se podemos nos divorciar, casar ou permanecer solteiras… tudo isso não foi conquista nossa, mas daquelas que nos antecederam.

Para compreender o presente e os possíveis caminhos que o futuro pode trilhar, é imperativo conhecer o passado. É por isso que resolvi escrever um pouco sobre os movimentos que lutaram pelos nossos direitos. Para desfazer o mito de que feminista é masculinizada ou não gosta de homem… nada mais last season, cá entre nós…

Se em 1872, na França, as mulheres (e muitos homens) já se preocupavam com igualdade de direitos, como no Brasil de 2017, ainda pode haver quem tema se aproximar do assunto? O mundo evolui. Sempre. Ou tentamos acompanhar, ou ficaremos para trás, parados na estação, olhando-o ir adiante, cada vez mais adiante, deixando-nos perplexos, sem entender nada, desamparados no vazio daquilo que um dia foi e não existe mais.

Para poder escrever sobre o tema, consultei:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo

Historiadoras ocidentais defendem que, qualquer movimento que trabalhe pela obtenção de direitos para as mulheres deve ser considerado um movimento feminista.

primeira onda dos movimentos feministas ocidentais data do século XIX perdurando até o  o começo do século XX e lutou pelo direito feminino ao voto, por direitos trabalhistas e por direitos à educação. A segunda onda, entre 1960 e 1980 combateu a desigualdade de leis, a desigualdade na cultura e combateu o papel tradicional ocupado pela mulher na sociedade (mãe e dona de casa).  A terceira onda, entre 1980 e 2000 é tida como uma continuação da segunda onda e uma resposta a suas falhas.

Os termos “feminismo” ou “feminista” foram observados pela primeira vez na França e nos Países Baixos em 1872 (como les féministes). Na Grã-Bretanha, apareceu na década de 1890 e nos Estados Unidos em 1910.

O jornal inglês “The Daily News” introduziu pela primeira vez o termo “feminista” à língua inglesa. Segundo a Rainha Vitória, o movimento era  “…maluco, imoral, bando de loucos dos ‘Direitos das Mulheres…’ .

Difícil de definir, o feminismo pode ser compreendido como qualquer ação, discurso, escrita e  defesa dos temas relevantes às mulheres e seus direitos, incluindo neste a identificação das injustiças presentes em relação às mulheres no status quo. É um conjunto de movimentos políticossociaisideologias e filosofias que têm como objetivo comum a igualdade nos  direitos e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões opressores patriarcais, baseados em normas de gênero. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias que advogam pela igualdade entre homens e mulheres, além de promover os direitos das mulheres e seus interesses.

Séculos XVII e XVIII

Uma das mais importantes escritoras feministas em língua inglesa no século XVII foi Margaret Cavendish.

Iluminismo foi caracterizado pela razão secular intelectual, e um florescimento da escrita filosófica. Vários filósofos iluministas do século XVIII defenderam os direitos das mulheres, como Marie Jean Antoine Nicolas Caritat, Marquês de Condorcet; Jeremy Bentham; e, mais notavelmente, Mary Wollstonecraft.

Jeremy Bentham

O filósofo inglês utilitarista e liberal clássico Jeremy Bentham afirmou que era a colocação da mulher em uma posição legalmente inferior que o fez escolher a carreira de reformista, aos onze anos de idade. Bentham defendia uma completa igualdade entre os sexos, incluindo o direito ao voto e a participação no governo. Além disto, opunha-se fortemente aos padrões morais fortemente discrepantes entre homens e mulheres.

Em seu livro, “Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação” (1781), Bentham condena entusiasticamente a prática, comum em vários países, de negar direitos às mulheres devido às suas mentes supostamente inferiores.[29] Bentham fornece vários exemplos de capazes mulheres regentes.

Marquês de Condorcet

Nicolas de Caritat, o Marquês de Condorcet, foi um matemático, político liberal clássico, revolucionário e voltairiano anti-clerical. Ele era um defensor ferrenho dos direitos humanos, incluindo a igualdade entre mulheres e homens e a abolição da escravatura, já na década de 1780. Ele apoiou o sufrágio das mulherespara o novo governo, escrevendo um artigo para o Journal de la Société de 1789 e também ao publicar De l’admission des femmes au droit de cité (Pela Admissão dos Direitos das Mulheres à Cidadania) em 1790.

 

Wollstonecraft e A Vindication

Mary Wollstonecraft por John Opie(c. 1797).

Possivelmente, a mais citada escritora feminista da época foi Mary Wollstonecraft, frequentemente caracterizada como a primeira escritora feminista. A Vindication of the Rights of Woman (1792) é um dos primeiros que podem indubitavelmente serem chamados feministas, embora para os padrões modernos a comparação que a autora faz com a nobreza, a elite da sociedade (mimada, frágil, à beira da ociosidade intelectual e moral) pode parecer um argumento feminista datado. Mary Wollstonecraft identificou a educação e a criação de mulheres como criadoras das suas expectativas limitadas baseadas na imagem que possuíam de si mesmas, ditada pelo Olhar (Lacan) dos homens.[carece de fontes] Apesar de suas visíveis inconsistências (Brody a aborda falando de “as duas Wollestonecrafts”), reflexos de problemas que até então não tinham respostas fáceis, este livro continua sendo uma fundação do pensamento feminista.[3]

Mary acreditava que mulheres e homens contribuíam para a desigualdade. Ela entendia como evidente que mulheres possuíam considerável poder sobre os homens, mas que os dois careciam de reeducação para garantir que mudanças necessárias nas suas atitudes sociais. Seu legado continua na necessidade contemporânea das mulheres em ganhar voz e contar as suas histórias. Suas próprias conquistas são descritivas de sua própria determinação, dado que veio de uma família pobre e teve pouquíssimo acesso à educação. Mary atraiu o desprezo de Samuel Johnson, que a descreveu, bem como as pessoas que com ela simpatizavam, como “Amazonas da Caneta”. Dado o seu relacionamento com Hester Thrale, aparentemente o problema de Johnson não era com mulheres educadas e inteligentes, mas com o fato de que elas adentrariam no território até então masculino da escrita. Para muitos comentaristas, Mary representa a primeira codificação de um feminismo preocupado com a “igualdade” entre os gêneros, em oposição às diferenças. Ademais, trazia uma recusa da feminilidade, ambas abordagens de Mary que foram percebidas como resultantes do Iluminismo.

Outras autoras importantes para o movimento feminista

Outras importantes autoras do tempo incluem Catharine Macaulay, que argumentou em 1790 que a aparente fraqueza das mulheres era causada pela sua educação precária. Em outras partes da Europa, Hedvig Charlotta Nordenflycht estava escrevendo na Suécia, e o que se supõe ser a primeira sociedade científica para mulheres foi fundada em Midelburgo, no sul da Holanda, no ano de 1785. Tratava-se da Natuurkundig Genootschap der Dames (Sociedade das Mulheres pelo Conhecimento Natural),que encontrava-se regularmente desde 1881, dissolvendo-se somente em 1887. Jornais voltados às mulheres que focavam-se na ciência se tornaram populares durante este período também. Outros autores, porém, apontam que mulheres já têm sido cientistas há 4.000 anos.

Sexo e a AIDS depois dos 50 anos… by Pati.

Quem se tornou adulto nos anos 1980, começou a vida sexual ouvindo falar de AIDS e HIV, enchendo nossas cabeças de perguntas, mais do que as que já tínhamos naquele momento…

No início, parecia restringir-se a gays e prostitutas, como uma doença de guetos. Há grandes indícios de que o HIV seja originário dos primatas, tendo sido transmitido aos humanos por meio de práticas sexuais com esses animais, logo no start do século XX, infectando primeiramente mercadores de animais e caçadores com o vírus da imunodeficiência símia (SIV). Rapidamente suprimido pelo organismo humano, o SIV infelizmente de  fácil transmissão entre os humanos, desenvolveu-se e evoluiu até o HIV conforme o conhecemos.

Vírus da imunodeficiência humana ( Human Immunodeficiency Virus — HIV), ele é encontrado em fluidos sexuais como o líquido pré ejaculatório e o líquido lubrificante vaginal além do sêmen, leite materno e sangue.

AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome — AIDS), é a  adquirida por meio do vírus HIV, com sintomas semelhantes aos de outras doenças bastante populares como gripe, acompanhada de  mal estar e cansaço. A grande diferença é que a AIDS ataca o  sistema imunológico, deixando seu portador susceptível a contrair infecções e outros problemas de saúde.

Os principais sintomas da AIDS — ou SIDA, sigla em português (Créditos: Wikipédia)
 FONTE:  https://trendr.com.br/o-que-%C3%A9-o-hiv-o-que-ea-aids-e-por-que-n%C3%A3o-ha-cura-c35cae7de019

Aids cresce entre mulheres  com mais de 50

FONTE: http://mulheres50mais.com.br/aids-cresce-entre-mulheres-acima-de-50/

 

O número de casos de Aids em mulheres com mais de 50 anos está aumentando no Brasil. Sem o risco de engravidarem, muitas optam por não usar preservativo durante a relação sexual e acabam infectadas por HIV. Ou acabam cedendo aos parceiros por acreditar que estão menos expostas ao risco simplesmente porque reduziram sua atividade sexual. Engano. Entre 2004 e 2013, três grupos etários de mulheres registraram aumento de detecção de Aids no Brasil: adolescentes, de 15 a 19 anos, com crescimento de 10,5%; mulheres de 55 a 59 anos, com 24,8%; e, acima de 60 anos, a maior taxa no período, de 40,4%. Nas demais faixas etárias, houve queda ou estabilidade. Os números são oficiais e constam do Boletim Epidemiológico HIV-Aids, de 2014.

Só em 2014, foram 13,7 detectadas com Aids para cada 100 mil mulheres. Entre as de 50 a 54 anos, o número foi bem maior: de 20,4. Entre as que têm de 55 a 59 anos, ficou em 18,1, também acima da média nacional. Apenas entre as que têm 60 anos ou mais, a taxa foi menor, de 6,7 por 100 mil.

“A geração com mais de 50 anos não tem o hábito de usar o preservativo. Elas viveram uma fase em que a pílula anticoncepcional era largamente usada e, por isso, acreditavam já ter proteção suficiente para evitar a gravidez. Não tinham preocupação com as doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, são de um tempo em que não havia educação sexual nas escolas”, afirma Valéria Ribeiro Gomes, médica infectologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (da UFRJ, na Ilha do Fundão) e professora de infectologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj.

“Às vezes, as pessoas pensam que, por serem mais velhas, têm menos chance de se infectar. Precisamos insistir que HIV/Aids não tem cara. É preciso se prevenir”, resume Luiz Fernando Cabral Passoni, médico do Serviço de Doenças Infecto-Parasitárias (DIP) do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) e do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião.

“A sexualidade das mulheres mais velhas ainda é tabu e, por isso, elas têm vergonha de negociar o uso do preservativo com seus parceiros. Elas precisam ter instrumentos e incentivo para cuidar melhor da sua sexualidade”, afirma Georgiana Braga-Orillard, diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) Brasil. Ela destaca ainda que tem havido aumento do número de testagens no país, o que, indiretamente, também produz um número maior de diagnósticos. Veja aqui a lista de Centros de Testagem Anônima no Rio.

“Existe uma falsa ideia de que se a pessoa é mais velha ela tem menos risco  e está mais protegida”, diz a diretora da Unaids, lembrando que o Brasil, nos últimos anos, tem investido mais em acesso a medicamentos e testagens, mas precisa avançar nas políticas de prevenção.

Ela reconhece que a camisinha feminina dá mais autonomia para as mulheres se protegerem sem depender da boa-vontade dos parceiros, mas ainda há muita resistência em relação a esse método.

Em agosto, o UNaids Brasil lançou a campanha #EuAbraço, nos live sites do Porto Maravilha e do Parque Madureira, no Rio de Janeiro, com oficinas, distribuição de preservativos para homens e mulheres e Georgiana observou que muitas pessoas mais velhas buscavam as camisinhas. “Precisamos discutir que as mulheres de 50 estão ocupando mais espaços, estão empoderadas. Mas, paradoxalmente, elas não têm comando sobre a sua vida sexual. Além disso, precisamos discutir as vulnerabilidades acrescidas de alguns grupos, como o das mulheres negras pobres.”

A falta de proteção não aumenta apenas os riscos de se contrair o HIV. Está aumentando também a incidência de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), como a sífilis, alerta Luiz Fernando Passoni. Fisiologicamente, a mulher de 50 anos está mais exposta a contrair doenças infecciosas. Como a lubrificação vaginal fica reduzida com a menopausa, aumentam os riscos de lesões, o que abre uma porta para infecções de vários tipos, diz ele.

Outro fator que reduz o uso mais amplo do preservativo é a idade dos parceiros dessas mulheres. “Se eles estão na faixa de 60 a 70 anos, também não têm a cultura da camisinha. E, se usam estimulantes sexuais, aumenta a resistência ao uso do preservativo. No entendimento desse homem, muitas vezes, o ato de colocar a camisinha pode pôr em risco a sua performance. Então, ele prefere não usá-la”, diz a doutora Valéria.

Remédios mudam jogo sexual – O uso de remédios para estimular a ereção também trouxe um novo componente ao jogo sexual. Se, por um lado, prolongou a vida sexual de muitos casais de meia-idade, aumentou a chance de o homem ter outras parceiras, o que põe em risco a saúde da mulher que desconhece esse comportamento ou confia na fidelidade dele, atesta a infectologista do Hospital do Fundão. Mas não é só. Essa mulher de 50, diz a médica, sai mais à noite, tem uma vida social mais intensa, pratica atividade física e acaba tendo uma vida sexual mais ativa do que no passado, mas acaba não se prevenindo.

Quando a infecção ocorre por meio de um parceiro fixo, as mulheres se sentem mais à vontade para dizer que “o marido trouxe a doença para dentro de casa”. No entanto, se o contágio se dá a partir da relação com um parceiro eventual, a mulher nessa idade, por vergonha, tenta esconder o fato da família, o que pode atrasar o início do tratamento.

A psicóloga Marlene Zornitta estudou o assunto. Ela é autora de uma tese de Mestrado (2008) para Fiocruz sobre a infecção por HIV em homens e mulheres acima dos 50 anos e constatou que há muitos estigmas em torno do tema.

“Entrevistei pacientes daqui (do Hospital Clementino Fraga Filho). A ideia em geral era de que mulheres mais velhas só eram infectadas pelo marido. Isso realmente é maioria, mas há casos de pessoas nessa faixa de idade que viviam sozinhas ou tinham se separado e se encontravam para ter relações sexuais. Ou seja, descobre-se que há uma dose de moralismo nessa discussão. Alguns homens, que passaram a usar estimulantes sexuais, tipo Viagra, se sentiram mais jovens e passaram a admitir suas preferências por outros homens ou optaram por ter múltiplas parceiras. Uma das principais questões desse grupo que entrevistei é que, muitas vezes, os filhos não querem admitir o exercício da sexualidade dos pais. Nesses casos, fica ainda difícil admitir que a infecção deu-se com  parceiros eventuais. Principalmente, se for o caso da mãe”, afirma a psicóloga.

Atualmente, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha do Fundão, faz o acompanhamento de 1.500 pacientes com HIV/Aids. Segundo a doutora Valéria Ribeiro Gomes, deste total, 25% estão na faixa de 50 anos ou mais e destes, 10% são mulheres. “Raramente tínhamos pacientes com HIV/Aids nessa faixa de idade. O normal era dos 20 aos 40 anos. Mas, de dez anos para cá, esse quadro vem mudando”, diz ela.

Moralismo atrapalha tratamento – O véu de moralismo sobre a questão acaba produzindo consequências nefastas para o controle e o tratamento das mulheres soropositivas. É comum a resistência dos médicos em considerar que o paciente mais velho possa ter HIV/Aids. Nessa idade, ao ouvir as queixas do paciente, o médico pensa em câncer, doenças cardíacas e demora a pedir a sorologia, afirma a doutora Valéria.

“O diagnóstico do HIV fica por exclusão e isso pode retardar o tratamento. Além disso, nessa idade, geralmente, a paciente já tem outros problemas de saúde, como hipertensão, diabetes, osteoporose e passa a ter de tomar os medicamentos antirretrovirais”, diz.

“É preciso estimular as pessoas a fazerem o teste (para saber se tem HIV). Há muita gente que tem medo, que prefere não saber, mas é melhor saber porque o governo dá o tratamento. É importante tomar os medicamentos porque, assim, a pessoa bloqueia a multiplicação do vírus, preserva sua imunidade e evita  infecções oportunistas”, afirma o médico infectologista Luiz Fernando Cabral Passoni, do Hospital dos Servidores.

A abertura para a discussão sobre o tema de HIV/Aids é fundamental para o avanço das políticas públicas e para que se consiga deter o avanço da infecção e da doença (entenda aqui as diferenças entre HIV e Aids).

“Quando voltei de Genebra, em 2013, após 15 anos fora do país, vi o quanto a Aids tinha saído do debate no Brasil. Precisamos fazer um esforço para recolocar o tema em discussão. Perdemos muito em visibilidade e não se pode debater só a questão do acesso a novos medicamentos. Para chegarmos ao fim da epidemia, precisamos discutir saúde sexual e reprodutiva”, afirma Georgiana Braga-Orillard, da Unaids Brasil.

Outro ponto relevante é a descentralização dos serviços de saúde pública para HIV/Aids. Se, por um lado, ela facilita o acesso ao tratamento, porque não exige o deslocamento do paciente por grandes distâncias, por outro, pode levar muita gente a desistir. Algumas mulheres se sentem constrangidas de ir a um posto de saúde perto de casa para fazer os testes, se cadastrar e ter acesso aos medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  “Muitas vezes, o agente de saúde é um vizinho e a mulher fica com vergonha de falar da doença”, afirma a doutora Valéria. Hoje, o Hospital do Fundão recebe e trata pacientes de fora do Rio, da Baixada Fluminense, do Espírito Santo e até de Fernando de Noronha. “São pacientes em quadro estável e as consultas são feitas a cada quatro ou seis meses”.

A melhora na qualidade de vida dos pacientes com HIV/Aids também, de certa forma, contribui para consolidar a imagem de que o vírus não é mais o fantasma do passado. Acredita-se que a Aids não mata como antes. Mulheres que foram infectadas com 20 ou 30 anos agora chegam aos 50 com qualidade de vida bem razoável. Mas como se dá a mudança hormonal e psicológica para essas pacientes? “Elas se sentem mais seguras, mais donas de si, independentes, se cuidam, viajam, estudam, trabalham e algumas são verdadeiras feministas”, diz a doutora Valéria.

As estatísticas mostram que, de 1980 até junho de 2015, houve 798.366 casos de Aids registrados no Brasil. Destes, 35% eram mulheres. O total de óbitos registrado em decorrência de Aids até dezembro de 2014 é de 290.929 pessoas. Destes, 71,2% (206.991) são homens e 28,8% (83.820), mulheres. Destas, 12.921 (ou seja, mais de 15%) são de mulheres acima de 50 anos.

Novos tempos para os pacientes – Morre-se menos de Aids hoje e a qualidade de vida de quem tem o vírus, indiscutivelmente, é muito melhor do que nos primeiros anos da epidemia. Os remédios tornaram-se bem mais fáceis de ser administrados, com menos reações adversas. Nada que se compare aos efeitos colaterais dos coquetéis importados de AZT dos anos 90. Muitas vezes, é administrada uma única dosagem à noite ou, no máximo, três doses durante o dia. São cerca de 20 medicamentos antirretrovirais combinados.

Os efeitos colaterais, claro, existem e não são poucos. Muitas vezes, atingem o Sistema Nervoso Central (SNC), com reações que vão de tonturas a insônias, podendo ocasionar alucinações no início do tratamento. Há também relatos de enjoos, amarelamento nos olhos e, frequentemente, lipodistrofia, que é a distribuição irregular de gordura pelo corpo. Nesses casos, há perda de gordura nos glúteos, em pernas e braços e aumento no abdômen e no pescoço.

Com tantas reações adversas, de que forma o tratamento impacta na vida de mulheres que entram na menopausa e já sofrem com a baixa hormonal? “O tratamento é mais perverso após a menopausa porque um dos medicamentos usados no coquetel, o tenofovir, causa osteopenia e as mulheres nessa idade já têm perda de massa óssea”, explica a doutora Valéria.

As pacientes que já estão em tratamento há alguns anos, geralmente chegam aos 50 anos com um quadro estabilizado. Como nessa idade, a pessoa já enfrenta distúrbios metabólicos e, quando se trata com os antirretrovirais, tem mais chance de ficar diabética, de ter osteoporose e envelhecimento precoce, e de passar por processo de dislipidemia (acúmulos de gordura no sangue).

A aposentada Waldelis dos Santos, que vai fazer 69 anos em dezembro, faz tratamento há duas décadas. Soube que tinha sido infectada por HIV aos 47 anos. “Meu marido morreu dessa doença eu ajudei a cuidar dele. Era um boêmio. Mais ou menos um ano e meio depois que ele morreu, comecei a sentir os sintomas. Minha perna ficou enrugada e escamosa, tinha resfriados fortes e seguidos. Fui ao posto de saúde aqui perto, em Nova Iguaçu, e eles me encaminharam para o Hospital do Fundão. Então, me disseram que eu estava com o vírus. Eu não quis aceitar. É um fardo muito pesado para se carregar. Você é muito discriminado”, diz ela, acrescentando que, por muitos anos, só sua família tinha conhecimento da doença.

Com dois filhos (um de 48 e outro de 40 e dois netos, uma menina de quatro anos e um rapaz de 18), ela casou-se novamente e admite: “Teve uma fase em que eu não queria aceitar (que tinha o vírus) e já me relacionava com meu atual marido sem preservativo. Hoje, a gente não transa mais, somos amigos, mas, durante todo esse tempo, eu não passei o vírus para ele, que inclusive é doador de sangue”.

Quando pergunto o que ela gostaria de dizer para as mulheres, é taxativa: “Elas devem se cuidar e usar a camisinha. Hoje tem camisinha para os dois, para homem e para mulher…”

Waldelis garante que hoje se sente bem, toma os remédios duas vezes por dia. No meio da conversa, faz uma revelação. Conta que esteve recentemente num templo evangélico e participou de reuniões entre uma sexta-feira e um domingo.  Diz que conversou com Deus e hoje acredita que está curada. “Antes, eu não queria falar sobre a doença, só minha família sabia. Mas, naquele momento, saí da escuridão”.  Waldelis, no entanto, continua tomando seus medicamentos diariamente.

Políticas ignoram as diferenças – “Você pode viver com HIV/Aids, mas é melhor viver sem”, resume Silvia Aloia, de 46 anos, ativista, há quatro anos liderando o Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, no Sul do país. Uruguaia, ela vive no Brasil desde os 12 anos. Cursa Administração em Sistemas e Serviços de Saúde na UERGS, é casada com Everton e avó de Agatha, de oito meses.

“Nós mulheres somos multifacetadas, temos sobrecarga de trabalho, de estudo, cuidamos da família e trabalhamos … A gente faz muita coisa e tem uma chance maior de adoecimento, precisa se cuidar. No caso da mulher de 50, o que se vê é que ela ganhou autonomia, pode se separar do companheiro, mas não se enxerga vulnerável ao risco”, afirma Silvia.

“O tratamento é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas falta acesso a novos medicamentos, faltam médicos e políticas de prevenção. Hoje, as pessoas com HIV/Aids têm uma qualidade de vida melhor e acesso a novas tecnologias, mas precisam se prevenir, não podem banalizar os cuidados. Receber um diagnóstico há 30 anos ou hoje ainda é impactante, por conta do estigma e do preconceito. A adesão ao tratamento é uma adesão à vida, não depende somente da tomada diária de medicamentos e sim de diversos fatores que incluem a qualidade de vida”, diz Silvia Aloia.

“Não é fácil tomar medicamentos todos os dias, ter efeitos adversos, ter envelhecimento e menopausa precoces… As políticas públicas não levam em consideração as diferenças entre homens e mulheres, não há diferenciação dos efeitos do HIV e dos tratamentos nos corpos femininos. Somos muito diferentes”, afirma a ativista.

Casada novamente há cinco anos, Silvia conta que seu atual marido não tem HIV. Eles se conheceram quando ela tinha 19 anos e se reencontraram tempos depois. “Faço faculdade, falo muito de Aids, mas não deixo minha história pessoal prevalecer. Quero meu espaço. O que a gente precisa discutir é que, muitas vezes, as infecções estão relacionadas a casos de violência, de uso de álcool, somado ainda a diversos retrocessos ligados a forças fundamentalistas. É preciso levantar essa bandeira e olhar as mulheres na sua integralidade e na sua diversidade, inclusive incorporando as transexuais”.

Nos próximos dias 22 a 25 de setembro, Silvia Aloia estará coordenando o VII Encontro Nacional do  Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, no Hotel Continental, em Porto Alegre. O tema é  “Olha elas… na sua integralidade e diversidade”. Mais informações no https://www.facebook.com/cidadasposithivas.

Cristina Alves

CRISTINA ALVES

Tem um gostinho especial por trabalhar em equipe. Carioca, criada no Méier, subúrbio do Rio, tem experiência de mais de 25 anos de jornalismo diário. Participou da cobertura e/ou edição de todos os planos de estabilização do Brasil pós-redemocratização. Sua relação com o jornalismo econômico começou quando era “foca” no “Jornal do Commercio” e ainda cursava a Escola de Comunicação da UFRJ, onde se graduou. Fez especialização em Políticas Públicas na UFRJ e tem MBA de Petróleo e Gás pela Coppe-UFRJ. Trabalhou ainda no “Jornal do Brasil” e em “O Globo”, onde foi editora de Economia entre 2007 e 2014, depois de atuar como repórter e subeditora. Cobriu por diversas vezes o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Desenvolveu diversos produtos editoriais para plataformas impressa e digital. Hoje, é sócia da empresa Nau Comunicação. Casada, é mãe de João e Antônio. Adora mergulhar num bom livro.

Que a maturidade não nos retire a leveza nem o riso da juventude! By Silvia.

Um dia percebi um olhar surpreso no rosto de minhas filhas ao verem uma foto antiga minha, junto de vários amigos, fazendo coisas que adolescentes fazem: rindo, queimada de praia e meio descabelada.

Acredito que seja difícil para um filho enxergar que fomos jovens um dia. Talvez pelo fato de, durante boa parte da vida de nossos filhos, nossa presença representar ordem, regras, broncas e cobranças, tão comuns a mães e pais que educam filhos.Tantas responsabilidades e, porque não dizer, tantos medos que vivemos, e nos vestimos de armaduras que escondem aquela leveza juvenil.

Faz pouco tempo, estava com a casa cheia de amigos, com várias garrafas de vinho abertas sobre a mesa, aquelas gargalhadas soltas, de escorrer lágrimas dos olhos, um verdadeiro alvoroço e, mais uma vez, o olhar assustado dos mais jovens. Além de assustados, um certo ar de reprovação por tanta felicidade. Como, se por algum motivo que ainda não descobri qual é, fossemos proibidos de fazer bagunça depois dos 50 anos de idade. Perguntei, o porquê da reprovação, e a resposta foi: ‘…nunca vi nenhum pai ou mãe fazer isso que vocês fazem…’ Engraçado, não é? Triste saber que muitos contemporâneos nossos, deixaram a carranca vencer. Ou será que muitas vezes não retiramos a armadura e ficamos ali, sem causar nenhuma onda de alegria?

Creio que a vida, tantas vezes pesada no dia a dia, nos carrega de responsabilidade e vibrações negativas e acabamos por mostrar aos outros que realmente envelhecemos o nosso espírito. E é nessa hora que começamos a morrer em vida, a reclamar de barulho, a não querer organizar festas… Rir e se divertir seria um direito apenas juvenil? Não! me recuso a envelhecer minha alma! Meu objetivo é alegrar a minha vida, com a alegria de meus amigos e familiares. Quero gastar meu dinheiro com petiscos e garrafas de vinho, e porque não, de cerveja também. Rever meus amigos de escola, da rua onde morei, da turma da juventude quando o nosso único objetivo era sair de casa e fugir do silêncio da nossa sala de visita. Quero não saber quem cortar da lista de festa, por medo de ofender alguém ou esquecer de algum amigo. Aceitar convites para dançar a noite toda e voltar toda suada. Quero dividir experiências, pegar dicas de moda, emprestar roupas, organizar viagens, jantar fora, tomar café da tarde… Melhor do que marcar encontro em hospitais e velórios, quando tudo o que poderia ter sido feito, já não dá mais.

Quero continuar a causar espanto nos nossos filhos, para que eles, com a nossa idade, seja exatamente como nós: eternamente jovens!

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FOTO: Amigas de infância e adolescência, ex-alunas de um colégio feminino de freiras de Santos (SP), nós nos reunimos em dezembro de 2015 para um almoço e passamos horas com nossos maridos em volta da mesa, comendo, bebendo, contando causos e rindo muito! Momentos únicos e inesquecíveis que nos aquecem o coração e a alma.

Da esquerda para a direita: Em pé, a loira Sílvia e a morena Edith; sentadas, Ana Maria, Patricia e Tereza. Todas cinquentinhas! Sílvia e Patricia são as autoras deste blog.

 

 

As pequenas liberdades que descobrimos ao chegar aos 50! By Silvia.

O delineador foi aplicado, como manda a instrução, mas na verdade, nem imagino se ficou certo ou errado. Porque, quando olho muito de perto no espelho, minha vista fica meio embaralhada e eu precisaria fazer o processo de óculos. Mas não dá pra pintar o olho de óculos!  Então, percebi que não fico mais preocupada se a maquiagem fica perfeita. Se quero ficar linda e maravilhosa,marco uma hora num salão e chamo a maquiadora pra fazer o serviço dela e me deixar elegante. Eis aqui uma das vantagens de ter 50 anos, ou mais: delegamos obrigações.

Antes, ninguém no mundo sabia fazer as coisas como eu. O meu bolo era o melhor. Ninguém dirigia como eu. A maria-chiquinha das minhas meninas eram milimetricamente penteada. A arrumação da cama. Acordar, fazer café da manhã, levar filhos na escola, trabalhar, agradar o marido… tudo era tão cansativo e no fim do dia, eu percebia que no dia seguinte faria tudo novamente, e perfeitamente! Eu me cansava só de pensar.

Hoje em dia, tudo ficou tão mais leve… As meninas cresceram, eu nunca mais precisei pentear os cabelos delas e a oitava maravilha do mundo, foi quando elas tiraram a carteira de habilitação. Acabou o leva e traz, os dias cortados ao meio com idas à porta da escola, ou a reunião de pais e mestres. Hoje posso trabalhar o dia todo, sem cortar meu roteiro ou interromper uma reunião importante. Pode parecer exagero, mas quem é mãe e profissional ao mesmo tempo, tem que driblar a agenda para poder ser perfeita em tudo.

A maturidade trouxe uma carta de alforria que nunca ninguém avisou que chegaria, e eu nem sei como usá-la, de verdade. Tem muitas vantagens! Salto alto, é uma das liberdades: não preciso mais usá-lo com tanta frequência. Porque doem os pés e a batata da perna. A gente descobre o salto 7, o salto 5, a sapatilha… e não está nem aí se ficaria mais elegante de salto ou não. Só se faz, o que se quer. A hora que se quer fazer. Começamos a dar valor para o que realmente tem valor. Uma bolsa precisa ser durável, e nem precisa estar na moda. Mas ela tem que durar, não pode embolorar, nem enferrujar e muito menos se desfazer na nossa mão. Um bolo, tem que cair suavemente ao nosso estômago, sem muita gordura, sem muito recheio… o inexplicável prazer de tomar uma xícara de café com um pedaço de bolo de fubá. Coisa de gente velha… e eu estou adorando ser uma. Porque bolinho de fubá não dá azia, e azia é muito ruim de sentir.

Shorts desfiadinho? Mini saia? Já era! Quero me sentar, cruzar minhas pernas sem me preocupar se tem alguma coisa aparecendo, sem apertar minha coxa e muito menos a minha cintura. Não quer dizer que vou virar mocoronga, mas não há nenhum objetivo extra do que gostar de mim no espelho. Não quero mais ser sexy, gostosa ou sensual, quero só ser elegante. Posso me sentar com vários homens em volta e conversarmos uma noite toda sobre todos os assuntos e darmos risada, sem preocupação de ter sido oferecida, ou instigante.

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Queremos qualidade, em tudo: boas roupas, bons sapatos, boas conversas, lugares interessantes, boa comida… E o tempo? Como descobrimos que poderíamos administrá-lo como hoje? Todo final de semana eu me culpava por não estar sentada trabalhando, com medo de perder aquelas 48 horas de descanso e por muitas vezes sentei no computador… como eu era idiota! Em dias como o de hoje, estou olhando meu jardim, os passarinhos… passei anos da minha vida sem nem me lembrar que natureza também funciona de segunda a sexta.

Dizem que a vida começa aos 40… eu acho que começa um tiquinho mais pra frente. Viva a maturidade. Viva os 50!