Desmitificando o feminismo…by Pati

Encontro muitas mulheres da minha geração evitando identificar-se com o feminismo como se este fosse um demérito, um xingamento. Acredito eu tratar-se não de preconceito, mas de falta de conhecimento histórico e de compreensão sobre a importância deste movimento para a vida que temos hoje.

Se votamos, se frequentamos universidades, se somos médicas, advogadas, juízes, delegadas, engenheiras, astronautas; se podemos nos divorciar, casar ou permanecer solteiras… tudo isso não foi conquista nossa, mas daquelas que nos antecederam.

Para compreender o presente e os possíveis caminhos que o futuro pode trilhar, é imperativo conhecer o passado. É por isso que resolvi escrever um pouco sobre os movimentos que lutaram pelos nossos direitos. Para desfazer o mito de que feminista é masculinizada ou não gosta de homem… nada mais last season, cá entre nós…

Se em 1872, na França, as mulheres (e muitos homens) já se preocupavam com igualdade de direitos, como no Brasil de 2017, ainda pode haver quem tema se aproximar do assunto? O mundo evolui. Sempre. Ou tentamos acompanhar, ou ficaremos para trás, parados na estação, olhando-o ir adiante, cada vez mais adiante, deixando-nos perplexos, sem entender nada, desamparados no vazio daquilo que um dia foi e não existe mais.

Para poder escrever sobre o tema, consultei:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Feminismo

Historiadoras ocidentais defendem que, qualquer movimento que trabalhe pela obtenção de direitos para as mulheres deve ser considerado um movimento feminista.

primeira onda dos movimentos feministas ocidentais data do século XIX perdurando até o  o começo do século XX e lutou pelo direito feminino ao voto, por direitos trabalhistas e por direitos à educação. A segunda onda, entre 1960 e 1980 combateu a desigualdade de leis, a desigualdade na cultura e combateu o papel tradicional ocupado pela mulher na sociedade (mãe e dona de casa).  A terceira onda, entre 1980 e 2000 é tida como uma continuação da segunda onda e uma resposta a suas falhas.

Os termos “feminismo” ou “feminista” foram observados pela primeira vez na França e nos Países Baixos em 1872 (como les féministes). Na Grã-Bretanha, apareceu na década de 1890 e nos Estados Unidos em 1910.

O jornal inglês “The Daily News” introduziu pela primeira vez o termo “feminista” à língua inglesa. Segundo a Rainha Vitória, o movimento era  “…maluco, imoral, bando de loucos dos ‘Direitos das Mulheres…’ .

Difícil de definir, o feminismo pode ser compreendido como qualquer ação, discurso, escrita e  defesa dos temas relevantes às mulheres e seus direitos, incluindo neste a identificação das injustiças presentes em relação às mulheres no status quo. É um conjunto de movimentos políticossociaisideologias e filosofias que têm como objetivo comum a igualdade nos  direitos e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões opressores patriarcais, baseados em normas de gênero. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias que advogam pela igualdade entre homens e mulheres, além de promover os direitos das mulheres e seus interesses.

Séculos XVII e XVIII

Uma das mais importantes escritoras feministas em língua inglesa no século XVII foi Margaret Cavendish.

Iluminismo foi caracterizado pela razão secular intelectual, e um florescimento da escrita filosófica. Vários filósofos iluministas do século XVIII defenderam os direitos das mulheres, como Marie Jean Antoine Nicolas Caritat, Marquês de Condorcet; Jeremy Bentham; e, mais notavelmente, Mary Wollstonecraft.

Jeremy Bentham

O filósofo inglês utilitarista e liberal clássico Jeremy Bentham afirmou que era a colocação da mulher em uma posição legalmente inferior que o fez escolher a carreira de reformista, aos onze anos de idade. Bentham defendia uma completa igualdade entre os sexos, incluindo o direito ao voto e a participação no governo. Além disto, opunha-se fortemente aos padrões morais fortemente discrepantes entre homens e mulheres.

Em seu livro, “Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação” (1781), Bentham condena entusiasticamente a prática, comum em vários países, de negar direitos às mulheres devido às suas mentes supostamente inferiores.[29] Bentham fornece vários exemplos de capazes mulheres regentes.

Marquês de Condorcet

Nicolas de Caritat, o Marquês de Condorcet, foi um matemático, político liberal clássico, revolucionário e voltairiano anti-clerical. Ele era um defensor ferrenho dos direitos humanos, incluindo a igualdade entre mulheres e homens e a abolição da escravatura, já na década de 1780. Ele apoiou o sufrágio das mulherespara o novo governo, escrevendo um artigo para o Journal de la Société de 1789 e também ao publicar De l’admission des femmes au droit de cité (Pela Admissão dos Direitos das Mulheres à Cidadania) em 1790.

 

Wollstonecraft e A Vindication

Mary Wollstonecraft por John Opie(c. 1797).

Possivelmente, a mais citada escritora feminista da época foi Mary Wollstonecraft, frequentemente caracterizada como a primeira escritora feminista. A Vindication of the Rights of Woman (1792) é um dos primeiros que podem indubitavelmente serem chamados feministas, embora para os padrões modernos a comparação que a autora faz com a nobreza, a elite da sociedade (mimada, frágil, à beira da ociosidade intelectual e moral) pode parecer um argumento feminista datado. Mary Wollstonecraft identificou a educação e a criação de mulheres como criadoras das suas expectativas limitadas baseadas na imagem que possuíam de si mesmas, ditada pelo Olhar (Lacan) dos homens.[carece de fontes] Apesar de suas visíveis inconsistências (Brody a aborda falando de “as duas Wollestonecrafts”), reflexos de problemas que até então não tinham respostas fáceis, este livro continua sendo uma fundação do pensamento feminista.[3]

Mary acreditava que mulheres e homens contribuíam para a desigualdade. Ela entendia como evidente que mulheres possuíam considerável poder sobre os homens, mas que os dois careciam de reeducação para garantir que mudanças necessárias nas suas atitudes sociais. Seu legado continua na necessidade contemporânea das mulheres em ganhar voz e contar as suas histórias. Suas próprias conquistas são descritivas de sua própria determinação, dado que veio de uma família pobre e teve pouquíssimo acesso à educação. Mary atraiu o desprezo de Samuel Johnson, que a descreveu, bem como as pessoas que com ela simpatizavam, como “Amazonas da Caneta”. Dado o seu relacionamento com Hester Thrale, aparentemente o problema de Johnson não era com mulheres educadas e inteligentes, mas com o fato de que elas adentrariam no território até então masculino da escrita. Para muitos comentaristas, Mary representa a primeira codificação de um feminismo preocupado com a “igualdade” entre os gêneros, em oposição às diferenças. Ademais, trazia uma recusa da feminilidade, ambas abordagens de Mary que foram percebidas como resultantes do Iluminismo.

Outras autoras importantes para o movimento feminista

Outras importantes autoras do tempo incluem Catharine Macaulay, que argumentou em 1790 que a aparente fraqueza das mulheres era causada pela sua educação precária. Em outras partes da Europa, Hedvig Charlotta Nordenflycht estava escrevendo na Suécia, e o que se supõe ser a primeira sociedade científica para mulheres foi fundada em Midelburgo, no sul da Holanda, no ano de 1785. Tratava-se da Natuurkundig Genootschap der Dames (Sociedade das Mulheres pelo Conhecimento Natural),que encontrava-se regularmente desde 1881, dissolvendo-se somente em 1887. Jornais voltados às mulheres que focavam-se na ciência se tornaram populares durante este período também. Outros autores, porém, apontam que mulheres já têm sido cientistas há 4.000 anos.

O amor com cabelos brancos – By Pati.

A maturidade nos traz muitas coisas boas…a sabedoria adquirida com as experiências vividas permite a construção de relações a partir de bases diferentes, interesses outros, descobertas inesperadas… relações mais leves, saudáveis, e fonte de boas emoções.

Numa fase da vida em que já apostamos, já nos decepcionamos, choramos, tentamos algumas vezes, acertamos umas e erramos outras, toda essa bagagem está a nossa disposição para fazer deste momento algo muito melhor do que os anteriores; com menos dúvidas, menos inseguranças, mais respostas que perguntas.

Selecionei alguns artigos que abordam relacionamentos após os 40 ou 50 anos de idade, quando a maturidade empresta um novo brilho às relações amorosas e abre portas à felicidade.

O importante é se permitir!

By Pati.

 

O AMOR DEPOIS DOS 40.

FONTE:  http://www.bolsademulher.com/amor/amor-depois-dos-40

Aos 20, o frescor da juventude: frio na barriga, calor no resto do corpo e, se possível, muita quantidade. Aos 30, a galera dá uma sossegada: grande parte julga ter encontrado a tampa da panela com quem se casa e começa uma família. Aos 40, muitas já se separaram e estão se preparando para voltar ao mercado amoroso. Outras não chegaram ao altar. Conheça as histórias de mulheres que encontraram o amor na casa dos enta e esperam ser felizes para sempre.
Eles se conheceram no intervalo de uma peça de teatro. O economista Toni, 51, viu a dentista Mara, 46, na bomboniere. “Ele se aproximou e puxou um assunto qualquer sobre a peça. Antes de voltarmos a nos sentar, ele pediu meu telefone e eu dei. Três dias depois, fomos jantar fora”, lembra Mara, contando que a paquera evoluir rápido e o namoro também. “Casamos em menos de um ano. Não tinha por que esperar! As pessoas esperavam uma cerimônia simples, mas fiz questão de tudo a que eu tinha direito: casei na igreja de noiva!”, revela Mara que acredita ter enfim encontrado o amor da sua vida. “O negócio é não desistir de achar o seu par. Para o amor, a idade não conta”, garante ela, com conhecimento de causa.

Em casas separadas

Ela estava divorciada, mãe de filho criado. Ele, cinco anos mais velho, tinha ficado viúvo há pouco mais de um ano e suas duas filhas não aguentavam mais vê-lo só. “Ele deu em cima, mas logo percebi que ele estava precisando de um bom colo. E dei!”, conta a funcionária pública Soraia, hoje com 55 anos, casada há dez. “Somos casados no papel e usamos aliança, mas temos duas casas. Mesmo estando quase sempre juntos, cada um quis manter o seu espaço”, revela, lembrando que, depois de certa idade, fica difícil abrir mão do que já construiu. “Ele é um excelente companheiro e acredito que vamos envelhecer juntos”, diz Soraia.

A médica Rose J., 48, achava que tinha fechado a panela do amor quando reencontrou um amigo do passado. “Foi por acaso. Nos encontramos em uma festa de um amigo em comum e conversamos a noite toda. Trocamos telefones, saímos para jantar e tudo começou”, conta ela, que vem se sentindo como se tivesse 18 anos outra vez. “É tudo igual: cinema, brigas! Ele tem muito ciúme de mim”, revela, aos seis meses de namoro. “Se tudo continuar como está, temos planos de morar sob o mesmo teto”, anuncia, contando com o apoio dos três filhos dela e da filha dele. “Seremos uma grande família”, acredita.

Amor sem idade

Segundo a psicóloga Sabrina Dotto Billo, o amor não tem idade. “O amor depois dos 40, como tudo na vida, tem seus prós e contras. Por um lado, pode ser que o amor seja um ‘gato escaldado’ e as pessoas tenham mais dificuldade para se envolver. Por outro lado, as pessoas estão mais carentes”, pondera a psicóloga, para quem a paixão, esta sim, tem idade. “Os hormônios desenvolvidos durante o apaixonamento, aqueles que causam ‘frio na barriga’ e fazem o coração bater mais forte, duram de 12 a 30 meses (período suficiente para copularmos). A partir de então a freqüência é cada vez menor”, explica Sabrina, lembrando ainda que o que fica é o amor.

Para a psicóloga, depois dos 40 são mais valorizados fatores como o companheirismo, a convivência e o desejo de construir uma vida juntos. “O que acontece muitas vezes é que, em relacionamentos entre pessoas de mais de 40 anos, não há uma paixão avassaladora, mas em compensação isso pode fazer com que a relação seja mais duradoura”, afirma a psicóloga, explicando que o amor depois dos 40 se baseia no que o outro é e não no que idealiza-se que ele seja. “Não é raro que um casal depois dos 40 possa ‘pular a etapa’ da paixão e viver direto o amor, valorizando o companheirismo e convivência”, conclui.

 

 

O QUE HOMENS E MULHERES MADUROS PENSAM DE UM NOVO RELACIONAMENTO?

FONTE:  http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/melhor-idade/noticia/2014/12/pesquisa-revela-o-que-homens-e-mulheres-maduros-esperam-de-um-novo-relacionamento-4665306.html

Imaturidade na maturidade é possível? Para as 2.797 mulheres que participaram da pesquisa sobre novos relacionamentos depois dos 40, feito pelo site Coroa Metade, esse é o principal problema encontrado na hora de encontrar um namorado da mesma faixa etária. A pesquisa traçou um mapa dos relacionamentos na maturidade e apontou os problemas do sexo oposto e quais características homens e mulheres priorizam no parceiro.

O estudo destacou ainda o aumento da idade em que as pessoas se casam. Em 2003, o casamento de pessoas entre 45 e 49 anos representava 4,3% do total dos casos. Em dez anos, o número subiu para 8,5%.

Imaturidade e infidelidade estão no topo da lista das reclamações delas. Segundo os 1.463 homens entrevistados, cobranças e reclamações e o mau humor delas são os principais problemas.

Na hora de procurar um novo amor, os homens e mulheres querem honestidade, sinceridade e respeito. 30% dos homens apontaram que o sucesso profissional delas não tem importância; já 35% das mulheres disseram que esse é um ponto muito importante na hora de encontrar um novo amor.

Bom humor é fundamental pra 46% dos homens e 36% das mulheres que responderam à pesquisa. Sexo é importante para 42% dos homens e 13% das mulheres.

– Vimos na pesquisa com os usuários do Coroa Metade que a idade torna as pessoas mais seletivas – diz Airton Gontow, responsável pela estudo.

 

 

AS 9 VANTAGENS DE NAMORAR DEPOIS DOS 50 ANOS.

 FONTE:  http://mulher.terra.com.br/vida-a-dois/veja-9-vantagens-de-se-namorar-depois-dos-50-anos,0725d2bb9066a310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

Com a maturidade trazida pela experiência, os relacionamentos podem ficar mais leves e divertidos

  1. Existe uma maior antecipação para o romance 
    Este sentimento pode durar desde o primeiro dia até o fim da relação, ainda que dure uma semana ou três meses. Mas a necessidade de se sentir especial é um desejo universal.
  2. Você se sente mais viva e comprometida com a vida 
    Ter o que contar para as amigas e compartilhar informações sobre um primeiro encontro é uma boa forma de aumentar a interação social e, consequentemente, trazer mais entusiasmo pela vida.
  3. Você irá explorar novos lugares e interesses 
    Moreah conta sobre um restaurante que conheceu com um de seus namorados, e sobre uma viagem para Vermont durante o outono, com outro. “Nós fomos a uma degustação de vinhos e eu ainda tenho uma garrafa como lembrança dessa viagem”, afirma. Conhecer novas pessoas também é uma forma de adquirir novos aprendizados.
  4. Você irá se divertir muito 
    É divertido tentar coisas pouco comuns com novas pessoas. Em um novo relacionamento, as peculiaridades ainda não estão expostas, então, é possível se divertir com os hábitos e preferências de cada um.
  5. Ambas as partes são maduras, então as expectativas são menores e o estresse também 
    Moreah explica que muitas pessoas têm necessidade ou desejo de satisfazer as expectativas dos outros. Ela conta algumas experiências pessoais mostrando que a espontaneidade é o melhor caminho para se ter sucesso em um encontro. “A escolha de deixar fluir, ao invés de ir com expectativas pré-concebidas, é uma ótima maneira de lidar com a vida”, afirma.
  6. Você não se importa em engrossar os números 
    Uma vez que você tiver essa experiência, não vai ficar chateada em engrossar números de sites pagos de encontros. Moreah conta que é adepta da tática e manteve um relacionamento por três anos que chegou a evoluir para um nível sexual.
  7. Reviver a juventude impressiona amigos e inimigos 
    Você vai parecer mais nova – e isso é impressionante. Jogar algo novo, praticar um novo esporte, dançar ou frequentar um  novo grupo de amigos. Tudo acaba trazendo um pouco de juventude para a vida.
  8. Não há tempo para caprichos 
    Quando as coisas não saem como você imagina, isso não incomodará como acontecia há alguns anos. Quando alguém diz ou faz algo irritante, você tem a maturidade e sabedoria para tentar se conectar mais do que corrigir essa pessoa.
  9. Você não tem que provar mais nada 
    É possível desfrutar da amizade ou romance enquanto ele durar, sem necessidade de se preocupar ou se desculpar sobre suas escolhas. Na maioria dos dias, você terá a autoconfiança para ficar de bem com si própria e deixar de lado os aspectos menos positivos.

 

 

DISPOSTA A RECOMEÇAR?

FONTE:  http://mdemulher.abril.com.br/amor-e-sexo/claudia/comecar-de-novo-mulheres-contam-como-recomecaram-apos-a-separacao

Até dá para dizer que, se há algumas décadas o divórcio era tabu, hoje é quase tendência. Levantamentos mostram que as mulheres continuam subindo ao altar, e muito. Mas, se as coisas vão mal, já não hesitam tanto em sacramentar o fim da união. Fazem isso sem os medos do passado e, em geral, se casam de novo – e de novo se preciso for. O que querem é ser felizes, não estar com alguém apenas por estar. Já que é assim, vale perguntar: qual é a receita para conhecer alguém, apaixonar-se mais uma vez, começar um novo relacionamento e, dessa vez, dar certo? Para os especialistas, uma boa atitude é mudar o foco e ter um olhar mais otimista em relação ao rompimento e à fase de “solteira de novo”. Até porque, se a separação não é o final feliz dos contos de fadas, pode ser o caminho de um feliz recomeço. “Apesar de frustrante, o fim de um casamento não é motivo para desistir da busca de completude. Embora, é claro, isso aconteça mais dentro do que fora de nós”, diz a psicóloga Claudia Lins, da Universidade Federal de Minas Gerais.

Muita gente já parece enxergar as coisas do mesmo modo. Entre os casamentos que acontecem hoje no Brasil, a maioria ainda é o de estreia, o primeiro de ambos os noivos. Mas, segundo dados recém-divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse número vem caindo ao mesmo tempo que cresce cada vez mais a participação no bolo dos chamados recasamentos. Entre as mulheres que formalizaram a união em 2013, 24,3% já tinham tido a mesma experiência antes. Isso corresponde a dez pontos percentuais a mais sobre o mesmo número dez anos antes, em 2003. “Desde sempre, o matrimônio foi valorizado e, com ele, o título de casada”, ressalta a historiadora Mary del Priore, autora de livros como Histórias e Conversas de Mulher (Planeta). Por isso, quanto mais cedo se arrumasse um marido, mais tranquilos ficavam os pais. Nesse ponto, nem tudo mudou tanto assim, conforme comprova a história da analista de mídias sociais Fernanda Poli, 31 anos. Ela se comprometeu muito jovem, aos 23 anos, e com o primeiro namorado, justamente para que o pai não se preocupasse com o futuro dela. Em sua análise, as diferenças entre os dois e a imaturidade para lidar com isso foram duas importantes causas para a relação naufragar. Fernanda tomou a iniciativa da separação quando estava “no limite do descontentamento”. Porém, embora quisesse o desenlace, diz que ficou um “pouco triste” na ocasião. No entanto, hoje ela comemora a iniciativa. “Fico pensando como foi bom ter tido coragem de mudar o rumo da minha vida.”

É possível entender a fase baixo-astral de Fernanda. Ok que os divórcios são cada vez mais comuns, mas nem por isso são fáceis. A dor da separação pede tempo de recuperação, dizem os especialistas. Há o momento do luto, a saudade da rotina que se tinha e do antigo companheiro, ainda que ele não fosse mais compatível. Por isso, um bom primeiro passo depois de um rompimento é parar para fazer uma profunda reflexão pessoal. É necessário descobrir o que somos sem o outro. “Essa pessoa precisa encontrar o que a faz se conectar com ela mesma. Pode ser uma atividade física, um grupo de amigos ou amigas, atividades voluntárias, terapia”, recomenda a psicóloga Claudia Lins. E vale tudo que contribua para melhorar a autoestima, já que não é nada raro a mulher que descasa sentir-se insegura para retomar os tempos de paquera e sair em busca de um novo amor.

Aos 30, 40 ou mais, ela acha que não está mais em tão boa forma, que o trabalho e os filhos são prioridade e falta tempo para “essas coisas” ou que não tem mais aonde ir porque, em todo lugar, só vê gente muito jovem. “Além disso, a mulher mais experiente é também mais seletiva, não embarca em qualquer coisa”, defende o psicanalista e terapeuta de casais Luiz Alberto Hanns, autor de A Equação do Casamento (Companhia das Letras). “Esse é um fator relevante, pois torna a paquera estressante para ela.” Nessa empreitada, as redes sociais podem ser de grande valia. Foram um grande aliado para a empresária Aurea de Holanda, 61 anos, quando sua união de 26 anos chegou ao fim. A internet a ajudou, segundo conta, em várias ocasiões e de diferentes jeitos. Foi, por exemplo, no Facebook que ela reencontrou um amor da adolescência, com quem agora está “recasada”. “A vida urbana ficou mais solitária, porque perdeu muitas conexões que existiam antigamente”, opina Luiz Alberto Hanns. E estimula: “Nesse cenário, a internet é uma alternativa que precisa ser levada em conta e sem preconceito”.

Mas o acesso às mídias sociais deve ser visto apenas como um dos facilitadores para se refazer depois da separação. Há outras ajudas, como as relações de amizade e a disposição para sair, viajar e ver o mundo. É o que lembra a executiva de recursos humanos Glaucy Bossi, 39 anos, que pediu o divórcio após sete anos de casamento e dois filhos – e, depois de três anos de solteirice, recasou com um colega de trabalho, com quem teve uma filha. Hoje, os dois não dão mais expediente juntos, mas têm ótima convivência em casa. E Glaucy está decidida a fazer tudo diferente da sua primeira união. Os depoimentos dela e das demais entrevistadas desta reportagem mostram que, sim, existe muita vida depois que um casamento acaba – e ela pode ser tão boa ou até melhor que a antiga.

Confira o depoimento de três mulheres que deram a volta por cima:

“É completamente diferente ser solteira com 18 e com 30 anos”, Glaucy bocci, 39 anos, executiva de recursos humanos

“Uma das minhas características é não demorar para tomar decisões. Não sou de cozinhar coisas ruins. Então, não é de causar espanto que eu tenha casado jovem, aos 23 anos, com um homem 19 anos mais velho, depois de um namoro de apenas um ano. Logo engravidei e, aos 25, tornei-me mãe de gêmeos. Mas a diferença de idade entre meu então marido e eu começou a incomodar. Estávamos em momentos de vida diferentes, com expectativas e interesses que não batiam. Mas, ao tomar a iniciativa da separação, me senti culpada e triste em sair de casa com os meus filhos. É difícil quando é você quem vai embora. Mas ainda era nova, estava com 30 anos, e tinha amigas e amigos de todo tipo, solteiros, casados e divorciados. Busquei mais esse convívio. Hoje, inclusive, cuido bem das relações de amizade, porque sei que corremos o risco de nos afastar delas durante um casamento.

É completamente diferente ser solteira com 18 e com 30 anos. Na segunda vez, eu era dona do meu nariz, tinha dinheiro, estava em um bom momento da carreira e podia frequentar lugares legais. Ia a barzinhos, restaurantes, até viagens com pessoas que não davam bola para isso de ‘ser separada’. Mas precisei me redescobrir como mulher. Minhas amigas brincavam que, afinal, eu estava de volta ao mercado. Era verdade! Então, tinha que me sentir atraente. Foi bacana viver essa transformação: perdi peso, passei a me arrumar mais, comecei a me sentir mais bonita.

Quando voltei a dar um beijo na boca, o primeiro depois da separação, foi muito louco. Era um perfume novo, uma pele nova… Essa foi uma fase gostosa, que durou uns três anos, até começar a relação com meu atual marido. Éramos colegas de trabalho, mas não tínhamos nada. Não foi amor à primeira vista. Trabalhamos juntos por anos e demoramos a sair. Depois, namoramos quatro anos, até decidir que íamos morar juntos. Fiz um arranjo diferente. Quando me separei, me mudei para um apartamento maior, onde cabiam meus filhos, meus pais, que sempre me ajudaram, e eu. Ao decidir me casar de novo, minha mãe achou que deveria ter privacidade. Por isso, hoje moro apenas com meu segundo marido e nossa filha, de 4 anos. A um quarteirão do nosso apartamento, estão meus pais e meus filhos do primeiro casamento. É uma solução moderna e funciona. Pego todo mundo na escola, levo na balada, viajamos… Não ligo para convenções. A experiência me ensinou a aceitar melhor as particularidases de cada um e ser mais resiliente.”

“Após 26 anos de casamento, resolvi sair da sombra”, Aurea de Holanda, 61 anos, empresária

“Aos 61 anos, vivo a plenitude! Reencontrei meu grande amor, descobri quem sou eu, minha empresa está dando certo, meus filhos vão bem, tudo isso soma e resulta na minha felicidade! Muita coisa aconteceu até chegar aqui. Casei de maneira precipitada aos 20 anos, depois de oito meses de namoro. Foi em 1974. Eu havia perdido meu pai e estava emocionalmente carente. Tive quatro filhos. Meu então marido era um bom pai, bem presente, e as crianças sempre estavam em primeiro plano. Eu ficava lá, escondidinha. Mas era exageradamente solicitada em casa: passei três décadas praticamente sendo apenas mãe. Após 26 anos de casamento, resolvi sair da sombra. Foi um choque para o parceiro. Àquela altura, eu estava fortalecida e até meus filhos sugeriam que me separasse. Meu marido e eu éramos sócios numa empresa e, com a separação, ficou comigo. Passei a me dedicar só a isso, ao trabalho. Como sou reservada e exigente, foi depois de dois anos que me envolvi novamente com alguém. Até que foi fácil, porque ele tinha delicadeza, e eu buscava gente assim. Mas, ao longo de cinco anos, a relação se desgastou, um começou a achar que era dono do outro. E eu, definitivamente, não queria mais ninguém pegando no meu pé, querendo mandar em mim.

As redes sociais me ajudaram muito nessa fase. Minha vida era de casa para o trabalho, do trabalho para casa. E passava os finais de semana no meio dos livros. Na internet, conheci um grupo de mulheres, quase todas separadas, que me apoiaram. Para recuperar a autoestima fui com elas fazer aula de dança. Uma terapia! No meu aniversário de 55 anos, dancei um tango e, ali, senti a mudança. Antes eu era muito contida, guardava todos os sentimentos. Passei a botar para fora minha sensualidade graças à sensibilidade do tango. Em 2010, de novo na internet, reencontrei aquele antigo amor no Facebook! Como moro em Curitiba e ele em Belo Horizonte, durante quatro anos a gente só se falou. Em janeiro do ano passado, marcamos de nos encontrar no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, e foi lindo! Assim que bati os olhos nele, não tive nenhuma preocupação, me senti supersegura. Então, aos 60, voltei a namorar e à distância! Hoje, sei exatamente quem sou e o que quero. Acho que esse formato de relação só é possível porque estou madura. Com 20 anos, a gente quer estar junto o tempo todo.”

“Precisava encontrar alguém que tivesse mais a ver comigo”, Fernanda Poli, 31 anos, analista de mídias sociais

“Conheci meu ex-marido na infância, na mesma igreja que nossos pais frequentavam. Namoramos por cerca de cinco anos e, quando eu tinha 23, casamos. Por um tempo, fomos felizes, mas sempre com muitos conflitos. Hoje acredito que, inconscientemente, meu casamento tem a ver com meu pai. Minha mãe morreu quando eu tinha 7 anos e ficamos apenas ele e eu. Naturalmente, havia uma ligação emocional grande entre nós e ele se preocupava com meu futuro. Casar foi uma forma de tranquilizá-lo, mostrar que eu estava encaminhada. Quando ele morreu, há quase cinco anos, foi um baque. Vi a vida indo embora e me deu um estalo: preciso ser feliz, a vida acaba! No casamento, eu estava esgotada e só pensava em me mudar para ficar em paz, sem brigas. Ainda assim, demorei quase um ano para tomar coragem de me separar. O incrível é que, quando falei “é hoje”, não senti medo. O apoio de algumas pessoas foi fundamental, mas garanto que a gente consegue se virar. Para mim, a separação não foi triste, porque estava muito infeliz em casa.

Só fiquei com uma pessoa depois da separação: meu atual parceiro. Trabalhávamos na mesma área e já nos conhecíamos, sem interesses. Começamos a nos falar pela internet e fomos nos reaproximando. Nessa época, pensei que precisava de alguém que tivesse mais a ver comigo, para poder fazer mais as coisas de que gosto. Com ele, minha vida ficou bastante divertida! Encontrá-lo foi uma sorte danada: de repente, lá estava indo ao estádio assistir a jogos de futebol (que adoro!), viajando, tomando vinho, dando risada… Sendo feliz numa parceria bacana e cheia de leveza. O legal da nossa relação é que curtimos as mesmas coisas. Isso é algo completamente diferente da anterior. Parece bobagem, mas ter tamanha identidade com o outro faz toda a diferença. Até quando há algo que somente eu curto, ele me acompanha, me incentiva, não permite que eu deixe de fazer algo só porque ele não é fã. Eu também tenho a mesma atitude com ele. Quando você ama, sente-se naturalmente satisfeito com a felicidade do outro.

Hoje, fico pensando como foi bom ter tido coragem de mudar o rumo da minha vida. No começo desse novo relacionamento, houve momentos em que até me perguntava: ‘Será mesmo possível ser feliz assim com alguém? Será que vai durar?’ Estamos juntos há quatro anos e, recentemente, fomos morar juntos. Vivemos a nova fase cheios de planos e com o coração repleto de alegria.”

Sexo e a AIDS depois dos 50 anos… by Pati.

Quem se tornou adulto nos anos 1980, começou a vida sexual ouvindo falar de AIDS e HIV, enchendo nossas cabeças de perguntas, mais do que as que já tínhamos naquele momento…

No início, parecia restringir-se a gays e prostitutas, como uma doença de guetos. Há grandes indícios de que o HIV seja originário dos primatas, tendo sido transmitido aos humanos por meio de práticas sexuais com esses animais, logo no start do século XX, infectando primeiramente mercadores de animais e caçadores com o vírus da imunodeficiência símia (SIV). Rapidamente suprimido pelo organismo humano, o SIV infelizmente de  fácil transmissão entre os humanos, desenvolveu-se e evoluiu até o HIV conforme o conhecemos.

Vírus da imunodeficiência humana ( Human Immunodeficiency Virus — HIV), ele é encontrado em fluidos sexuais como o líquido pré ejaculatório e o líquido lubrificante vaginal além do sêmen, leite materno e sangue.

AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome — AIDS), é a  adquirida por meio do vírus HIV, com sintomas semelhantes aos de outras doenças bastante populares como gripe, acompanhada de  mal estar e cansaço. A grande diferença é que a AIDS ataca o  sistema imunológico, deixando seu portador susceptível a contrair infecções e outros problemas de saúde.

Os principais sintomas da AIDS — ou SIDA, sigla em português (Créditos: Wikipédia)
 FONTE:  https://trendr.com.br/o-que-%C3%A9-o-hiv-o-que-ea-aids-e-por-que-n%C3%A3o-ha-cura-c35cae7de019

Aids cresce entre mulheres  com mais de 50

FONTE: http://mulheres50mais.com.br/aids-cresce-entre-mulheres-acima-de-50/

 

O número de casos de Aids em mulheres com mais de 50 anos está aumentando no Brasil. Sem o risco de engravidarem, muitas optam por não usar preservativo durante a relação sexual e acabam infectadas por HIV. Ou acabam cedendo aos parceiros por acreditar que estão menos expostas ao risco simplesmente porque reduziram sua atividade sexual. Engano. Entre 2004 e 2013, três grupos etários de mulheres registraram aumento de detecção de Aids no Brasil: adolescentes, de 15 a 19 anos, com crescimento de 10,5%; mulheres de 55 a 59 anos, com 24,8%; e, acima de 60 anos, a maior taxa no período, de 40,4%. Nas demais faixas etárias, houve queda ou estabilidade. Os números são oficiais e constam do Boletim Epidemiológico HIV-Aids, de 2014.

Só em 2014, foram 13,7 detectadas com Aids para cada 100 mil mulheres. Entre as de 50 a 54 anos, o número foi bem maior: de 20,4. Entre as que têm de 55 a 59 anos, ficou em 18,1, também acima da média nacional. Apenas entre as que têm 60 anos ou mais, a taxa foi menor, de 6,7 por 100 mil.

“A geração com mais de 50 anos não tem o hábito de usar o preservativo. Elas viveram uma fase em que a pílula anticoncepcional era largamente usada e, por isso, acreditavam já ter proteção suficiente para evitar a gravidez. Não tinham preocupação com as doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, são de um tempo em que não havia educação sexual nas escolas”, afirma Valéria Ribeiro Gomes, médica infectologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (da UFRJ, na Ilha do Fundão) e professora de infectologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj.

“Às vezes, as pessoas pensam que, por serem mais velhas, têm menos chance de se infectar. Precisamos insistir que HIV/Aids não tem cara. É preciso se prevenir”, resume Luiz Fernando Cabral Passoni, médico do Serviço de Doenças Infecto-Parasitárias (DIP) do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE) e do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião.

“A sexualidade das mulheres mais velhas ainda é tabu e, por isso, elas têm vergonha de negociar o uso do preservativo com seus parceiros. Elas precisam ter instrumentos e incentivo para cuidar melhor da sua sexualidade”, afirma Georgiana Braga-Orillard, diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) Brasil. Ela destaca ainda que tem havido aumento do número de testagens no país, o que, indiretamente, também produz um número maior de diagnósticos. Veja aqui a lista de Centros de Testagem Anônima no Rio.

“Existe uma falsa ideia de que se a pessoa é mais velha ela tem menos risco  e está mais protegida”, diz a diretora da Unaids, lembrando que o Brasil, nos últimos anos, tem investido mais em acesso a medicamentos e testagens, mas precisa avançar nas políticas de prevenção.

Ela reconhece que a camisinha feminina dá mais autonomia para as mulheres se protegerem sem depender da boa-vontade dos parceiros, mas ainda há muita resistência em relação a esse método.

Em agosto, o UNaids Brasil lançou a campanha #EuAbraço, nos live sites do Porto Maravilha e do Parque Madureira, no Rio de Janeiro, com oficinas, distribuição de preservativos para homens e mulheres e Georgiana observou que muitas pessoas mais velhas buscavam as camisinhas. “Precisamos discutir que as mulheres de 50 estão ocupando mais espaços, estão empoderadas. Mas, paradoxalmente, elas não têm comando sobre a sua vida sexual. Além disso, precisamos discutir as vulnerabilidades acrescidas de alguns grupos, como o das mulheres negras pobres.”

A falta de proteção não aumenta apenas os riscos de se contrair o HIV. Está aumentando também a incidência de outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), como a sífilis, alerta Luiz Fernando Passoni. Fisiologicamente, a mulher de 50 anos está mais exposta a contrair doenças infecciosas. Como a lubrificação vaginal fica reduzida com a menopausa, aumentam os riscos de lesões, o que abre uma porta para infecções de vários tipos, diz ele.

Outro fator que reduz o uso mais amplo do preservativo é a idade dos parceiros dessas mulheres. “Se eles estão na faixa de 60 a 70 anos, também não têm a cultura da camisinha. E, se usam estimulantes sexuais, aumenta a resistência ao uso do preservativo. No entendimento desse homem, muitas vezes, o ato de colocar a camisinha pode pôr em risco a sua performance. Então, ele prefere não usá-la”, diz a doutora Valéria.

Remédios mudam jogo sexual – O uso de remédios para estimular a ereção também trouxe um novo componente ao jogo sexual. Se, por um lado, prolongou a vida sexual de muitos casais de meia-idade, aumentou a chance de o homem ter outras parceiras, o que põe em risco a saúde da mulher que desconhece esse comportamento ou confia na fidelidade dele, atesta a infectologista do Hospital do Fundão. Mas não é só. Essa mulher de 50, diz a médica, sai mais à noite, tem uma vida social mais intensa, pratica atividade física e acaba tendo uma vida sexual mais ativa do que no passado, mas acaba não se prevenindo.

Quando a infecção ocorre por meio de um parceiro fixo, as mulheres se sentem mais à vontade para dizer que “o marido trouxe a doença para dentro de casa”. No entanto, se o contágio se dá a partir da relação com um parceiro eventual, a mulher nessa idade, por vergonha, tenta esconder o fato da família, o que pode atrasar o início do tratamento.

A psicóloga Marlene Zornitta estudou o assunto. Ela é autora de uma tese de Mestrado (2008) para Fiocruz sobre a infecção por HIV em homens e mulheres acima dos 50 anos e constatou que há muitos estigmas em torno do tema.

“Entrevistei pacientes daqui (do Hospital Clementino Fraga Filho). A ideia em geral era de que mulheres mais velhas só eram infectadas pelo marido. Isso realmente é maioria, mas há casos de pessoas nessa faixa de idade que viviam sozinhas ou tinham se separado e se encontravam para ter relações sexuais. Ou seja, descobre-se que há uma dose de moralismo nessa discussão. Alguns homens, que passaram a usar estimulantes sexuais, tipo Viagra, se sentiram mais jovens e passaram a admitir suas preferências por outros homens ou optaram por ter múltiplas parceiras. Uma das principais questões desse grupo que entrevistei é que, muitas vezes, os filhos não querem admitir o exercício da sexualidade dos pais. Nesses casos, fica ainda difícil admitir que a infecção deu-se com  parceiros eventuais. Principalmente, se for o caso da mãe”, afirma a psicóloga.

Atualmente, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha do Fundão, faz o acompanhamento de 1.500 pacientes com HIV/Aids. Segundo a doutora Valéria Ribeiro Gomes, deste total, 25% estão na faixa de 50 anos ou mais e destes, 10% são mulheres. “Raramente tínhamos pacientes com HIV/Aids nessa faixa de idade. O normal era dos 20 aos 40 anos. Mas, de dez anos para cá, esse quadro vem mudando”, diz ela.

Moralismo atrapalha tratamento – O véu de moralismo sobre a questão acaba produzindo consequências nefastas para o controle e o tratamento das mulheres soropositivas. É comum a resistência dos médicos em considerar que o paciente mais velho possa ter HIV/Aids. Nessa idade, ao ouvir as queixas do paciente, o médico pensa em câncer, doenças cardíacas e demora a pedir a sorologia, afirma a doutora Valéria.

“O diagnóstico do HIV fica por exclusão e isso pode retardar o tratamento. Além disso, nessa idade, geralmente, a paciente já tem outros problemas de saúde, como hipertensão, diabetes, osteoporose e passa a ter de tomar os medicamentos antirretrovirais”, diz.

“É preciso estimular as pessoas a fazerem o teste (para saber se tem HIV). Há muita gente que tem medo, que prefere não saber, mas é melhor saber porque o governo dá o tratamento. É importante tomar os medicamentos porque, assim, a pessoa bloqueia a multiplicação do vírus, preserva sua imunidade e evita  infecções oportunistas”, afirma o médico infectologista Luiz Fernando Cabral Passoni, do Hospital dos Servidores.

A abertura para a discussão sobre o tema de HIV/Aids é fundamental para o avanço das políticas públicas e para que se consiga deter o avanço da infecção e da doença (entenda aqui as diferenças entre HIV e Aids).

“Quando voltei de Genebra, em 2013, após 15 anos fora do país, vi o quanto a Aids tinha saído do debate no Brasil. Precisamos fazer um esforço para recolocar o tema em discussão. Perdemos muito em visibilidade e não se pode debater só a questão do acesso a novos medicamentos. Para chegarmos ao fim da epidemia, precisamos discutir saúde sexual e reprodutiva”, afirma Georgiana Braga-Orillard, da Unaids Brasil.

Outro ponto relevante é a descentralização dos serviços de saúde pública para HIV/Aids. Se, por um lado, ela facilita o acesso ao tratamento, porque não exige o deslocamento do paciente por grandes distâncias, por outro, pode levar muita gente a desistir. Algumas mulheres se sentem constrangidas de ir a um posto de saúde perto de casa para fazer os testes, se cadastrar e ter acesso aos medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  “Muitas vezes, o agente de saúde é um vizinho e a mulher fica com vergonha de falar da doença”, afirma a doutora Valéria. Hoje, o Hospital do Fundão recebe e trata pacientes de fora do Rio, da Baixada Fluminense, do Espírito Santo e até de Fernando de Noronha. “São pacientes em quadro estável e as consultas são feitas a cada quatro ou seis meses”.

A melhora na qualidade de vida dos pacientes com HIV/Aids também, de certa forma, contribui para consolidar a imagem de que o vírus não é mais o fantasma do passado. Acredita-se que a Aids não mata como antes. Mulheres que foram infectadas com 20 ou 30 anos agora chegam aos 50 com qualidade de vida bem razoável. Mas como se dá a mudança hormonal e psicológica para essas pacientes? “Elas se sentem mais seguras, mais donas de si, independentes, se cuidam, viajam, estudam, trabalham e algumas são verdadeiras feministas”, diz a doutora Valéria.

As estatísticas mostram que, de 1980 até junho de 2015, houve 798.366 casos de Aids registrados no Brasil. Destes, 35% eram mulheres. O total de óbitos registrado em decorrência de Aids até dezembro de 2014 é de 290.929 pessoas. Destes, 71,2% (206.991) são homens e 28,8% (83.820), mulheres. Destas, 12.921 (ou seja, mais de 15%) são de mulheres acima de 50 anos.

Novos tempos para os pacientes – Morre-se menos de Aids hoje e a qualidade de vida de quem tem o vírus, indiscutivelmente, é muito melhor do que nos primeiros anos da epidemia. Os remédios tornaram-se bem mais fáceis de ser administrados, com menos reações adversas. Nada que se compare aos efeitos colaterais dos coquetéis importados de AZT dos anos 90. Muitas vezes, é administrada uma única dosagem à noite ou, no máximo, três doses durante o dia. São cerca de 20 medicamentos antirretrovirais combinados.

Os efeitos colaterais, claro, existem e não são poucos. Muitas vezes, atingem o Sistema Nervoso Central (SNC), com reações que vão de tonturas a insônias, podendo ocasionar alucinações no início do tratamento. Há também relatos de enjoos, amarelamento nos olhos e, frequentemente, lipodistrofia, que é a distribuição irregular de gordura pelo corpo. Nesses casos, há perda de gordura nos glúteos, em pernas e braços e aumento no abdômen e no pescoço.

Com tantas reações adversas, de que forma o tratamento impacta na vida de mulheres que entram na menopausa e já sofrem com a baixa hormonal? “O tratamento é mais perverso após a menopausa porque um dos medicamentos usados no coquetel, o tenofovir, causa osteopenia e as mulheres nessa idade já têm perda de massa óssea”, explica a doutora Valéria.

As pacientes que já estão em tratamento há alguns anos, geralmente chegam aos 50 anos com um quadro estabilizado. Como nessa idade, a pessoa já enfrenta distúrbios metabólicos e, quando se trata com os antirretrovirais, tem mais chance de ficar diabética, de ter osteoporose e envelhecimento precoce, e de passar por processo de dislipidemia (acúmulos de gordura no sangue).

A aposentada Waldelis dos Santos, que vai fazer 69 anos em dezembro, faz tratamento há duas décadas. Soube que tinha sido infectada por HIV aos 47 anos. “Meu marido morreu dessa doença eu ajudei a cuidar dele. Era um boêmio. Mais ou menos um ano e meio depois que ele morreu, comecei a sentir os sintomas. Minha perna ficou enrugada e escamosa, tinha resfriados fortes e seguidos. Fui ao posto de saúde aqui perto, em Nova Iguaçu, e eles me encaminharam para o Hospital do Fundão. Então, me disseram que eu estava com o vírus. Eu não quis aceitar. É um fardo muito pesado para se carregar. Você é muito discriminado”, diz ela, acrescentando que, por muitos anos, só sua família tinha conhecimento da doença.

Com dois filhos (um de 48 e outro de 40 e dois netos, uma menina de quatro anos e um rapaz de 18), ela casou-se novamente e admite: “Teve uma fase em que eu não queria aceitar (que tinha o vírus) e já me relacionava com meu atual marido sem preservativo. Hoje, a gente não transa mais, somos amigos, mas, durante todo esse tempo, eu não passei o vírus para ele, que inclusive é doador de sangue”.

Quando pergunto o que ela gostaria de dizer para as mulheres, é taxativa: “Elas devem se cuidar e usar a camisinha. Hoje tem camisinha para os dois, para homem e para mulher…”

Waldelis garante que hoje se sente bem, toma os remédios duas vezes por dia. No meio da conversa, faz uma revelação. Conta que esteve recentemente num templo evangélico e participou de reuniões entre uma sexta-feira e um domingo.  Diz que conversou com Deus e hoje acredita que está curada. “Antes, eu não queria falar sobre a doença, só minha família sabia. Mas, naquele momento, saí da escuridão”.  Waldelis, no entanto, continua tomando seus medicamentos diariamente.

Políticas ignoram as diferenças – “Você pode viver com HIV/Aids, mas é melhor viver sem”, resume Silvia Aloia, de 46 anos, ativista, há quatro anos liderando o Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, no Sul do país. Uruguaia, ela vive no Brasil desde os 12 anos. Cursa Administração em Sistemas e Serviços de Saúde na UERGS, é casada com Everton e avó de Agatha, de oito meses.

“Nós mulheres somos multifacetadas, temos sobrecarga de trabalho, de estudo, cuidamos da família e trabalhamos … A gente faz muita coisa e tem uma chance maior de adoecimento, precisa se cuidar. No caso da mulher de 50, o que se vê é que ela ganhou autonomia, pode se separar do companheiro, mas não se enxerga vulnerável ao risco”, afirma Silvia.

“O tratamento é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas falta acesso a novos medicamentos, faltam médicos e políticas de prevenção. Hoje, as pessoas com HIV/Aids têm uma qualidade de vida melhor e acesso a novas tecnologias, mas precisam se prevenir, não podem banalizar os cuidados. Receber um diagnóstico há 30 anos ou hoje ainda é impactante, por conta do estigma e do preconceito. A adesão ao tratamento é uma adesão à vida, não depende somente da tomada diária de medicamentos e sim de diversos fatores que incluem a qualidade de vida”, diz Silvia Aloia.

“Não é fácil tomar medicamentos todos os dias, ter efeitos adversos, ter envelhecimento e menopausa precoces… As políticas públicas não levam em consideração as diferenças entre homens e mulheres, não há diferenciação dos efeitos do HIV e dos tratamentos nos corpos femininos. Somos muito diferentes”, afirma a ativista.

Casada novamente há cinco anos, Silvia conta que seu atual marido não tem HIV. Eles se conheceram quando ela tinha 19 anos e se reencontraram tempos depois. “Faço faculdade, falo muito de Aids, mas não deixo minha história pessoal prevalecer. Quero meu espaço. O que a gente precisa discutir é que, muitas vezes, as infecções estão relacionadas a casos de violência, de uso de álcool, somado ainda a diversos retrocessos ligados a forças fundamentalistas. É preciso levantar essa bandeira e olhar as mulheres na sua integralidade e na sua diversidade, inclusive incorporando as transexuais”.

Nos próximos dias 22 a 25 de setembro, Silvia Aloia estará coordenando o VII Encontro Nacional do  Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, no Hotel Continental, em Porto Alegre. O tema é  “Olha elas… na sua integralidade e diversidade”. Mais informações no https://www.facebook.com/cidadasposithivas.

Cristina Alves

CRISTINA ALVES

Tem um gostinho especial por trabalhar em equipe. Carioca, criada no Méier, subúrbio do Rio, tem experiência de mais de 25 anos de jornalismo diário. Participou da cobertura e/ou edição de todos os planos de estabilização do Brasil pós-redemocratização. Sua relação com o jornalismo econômico começou quando era “foca” no “Jornal do Commercio” e ainda cursava a Escola de Comunicação da UFRJ, onde se graduou. Fez especialização em Políticas Públicas na UFRJ e tem MBA de Petróleo e Gás pela Coppe-UFRJ. Trabalhou ainda no “Jornal do Brasil” e em “O Globo”, onde foi editora de Economia entre 2007 e 2014, depois de atuar como repórter e subeditora. Cobriu por diversas vezes o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Desenvolveu diversos produtos editoriais para plataformas impressa e digital. Hoje, é sócia da empresa Nau Comunicação. Casada, é mãe de João e Antônio. Adora mergulhar num bom livro.